segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Timings e fragilidades...

Se eu abrir a minha caixinha de memorias...algumas delas far-me-ão pensar...no medo!
Não necessáriamente nos meus medos,mas no medo dos outros,que nos podem deixar"desarmados"e com aquela sensação estranha no estomago,de quem é apanhado de surpresa por um soco de punho forte e fechado...
Nós humanos conseguimos ser de uma maldade ,quase involuntária e inocente,mas devastadora para quem é vitima dela...
Todos provavelmente já teremos passado por este tipo de mesquinhez,talvez não tenhamos tido consciencia de que o fizemos ,mas é tão comum na nossa "espécie",que dificilmente não perpretámos semelhantes actos...(fugir quando precisam de nós)!
Quando alguém passa por um periodo menos fácil,mais conturbado,a fuga é sempre uma possibilidade...
E há quem fuja de nós para não se sentir incomodado...ou porque a nossa fragilidade lhe lembra a sua possivel...
Comparo com uma frase que me foi dita á alguns dias atrás por uma colega de trabalho ,a Mariana,uma senhora amorosa ,que me falava enquanto tratávamos alguém idoso e frágil"-Zélia,você já imaginou que esta é a nossa imagem futura?"...
Garanto que dá vontade de fugir,como primeira reacção,porque o medo é uma emoção,e como todas as emoções,não deixa que a razão "fale" primeiro...
Ficamos muito tristes de cada vez que alguém nos foge,porque ficámos doentes,ou porque temos alguns problemas,em quantidades menos fáceis de suportar,e são "duros"para nós de enfrentar,e medonhos para os outros de encarar em nós, a sua possivel imagem...
Há algum tempo perdi um amor ,que na verdade nunca terá sido meu,porque as minhas fragilidades na altura lhe terão "feito" medo...
Não é facil sentir que nos "largam á deriva",quando o que precisamos é de que estejam connosco...
Mas é fácil entender que as emoções em algumas pessoas, comandam as suas vidas,e a "razão"não lhes é assim tão importante...
Todos necessitamos de tempo para que a "razão" se manifeste e nos faça coerentes...no entanto algumas pessoas têm "timings" tão longos, que quem precisa da sua coerencia acaba sózinho...e com as suas fragilidades a gritar por socorro... Este amor foi com o seu barco...abalou com o vento pelo mar fora...as ondas ,a emoção do balanço e dos riscos maritimos,sao das razões mais importantes da sua existencia...mas deixou-me um local para onde pude escrever durante meses mesmo sabendo que não era "lida"...
Guardo a memoria de um homem cheio de medo ... que me ensinou imenso,que me ensinou a entender que ás vezes se foge ,porque não se sabe ficar...
Condenar?...Claro que não...
Aceitar?...Sempre...As emoções e as razões são para todos "timings"diferentes...

domingo, 26 de setembro de 2010

Mágoa...

"Não fomos feitos para viver sózinhos"...
Conheço e ouço esta frase há tanto tempo...
E há tanto tempo que ela me persegue...
Há uma imensidao de horas ,dias... anos...Que esta"frase mágoa" me martela os sentidos...
Minto...como minto ...quando de forma aparentemente despreocupada e banal,digo aos que me questionam sobre a minha vivencia solitária"-nao é importante,estou tao habituada!"!
Não gosto da mentira ,abomino-a,mas esta eu não tenho conseguido evitar...
Dói-me reconhecer a verdade,para mim...e confessá-la aos outros...
É uma mágoa tao minha ,logo eu que nao cultivo mágoas...esta persegue-me...
Quando a vida me "puxa o tapete e me faz tropeçar",um ombro ...saberia tao bem como um copo de água no derserto quente...
Tropeço sózinha há tanto tempo...
Não há ombro...Não há mão pousada no meu rosto para secar as minhas lágrimas...
Há uma voz cá dentro que me acalenta e me diz"-a tua metade ainda não chegou...tem calma...não chores...quando menos esperares o amor vai bater á tua porta...e a tua fronte terá um ombro para encostar...haverá um rosto adormecido deitado na almofada ao lado da tua ,quando acordares durante a noite,para te tranquilizar...haverá uma voz terna que te dirá que tudo está bem...tem calma Zélia"!
Puxaram-me o tapete outra vez...
E só me resta escutar esta voz interna...
Chorar de solidão ,e acreditar na palavra "esperança"...
E esperar pela mão de um homem que me amará...e que me secará as lágrimas ...com ternura...
Há tantos anos que as gotas de água salgada ...me correm livremente pelo rosto...
Sem mão para as amparar...
Sem uma voz que me fale de mansinho...e me sussurre ao ouvido"-estou aqui,tudo está bem,não chores"...
Não fomos feitos para vivermos sós...
Porque a solidão dói...

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

The man who cried soundtrack Yiddish

Tenho a porta de casa aberta,a janela do meu quarto também...
Arejo a casa apesar da hora tardia,na esperança e na certeza de afastar...as minhas remoídas tristezas de quarentona...apesar da musica que ouço ao mesmo tempo que escrevo ser tremendamente melancólica...Sao as minhas dualidades...
Cheguei de um local onde normalmente vou para ver gente ,ouvir musica...e sentir que sou "normal"...
Conversei com um mestre...que me encanta pela sabedoria de tantos assuntos nos quais sou completa e absolutamente leiga...
E falo-lhe sem que ele consiga aprender,para minha tristeza ,que a vida não é só aquilo que ele conhece...
Parece uma conversa de surdos cheia de entrelinhas ,alineas...que ele teima em nao ler ...
Como dizer ao mestre que sou gente...se ele me "vê" como se estivesse numa sala de conferencias em plena oratória,e eu fosse a senhora que nos corredores limpa os vidros enquanto a conferencia decorre...
Como pode saber coisas bonitas a senhora que limpa os vidros!!!
E tantas histórias das verdadeiras ,encerra a sua sabedoria...!!!
Mas sao daquelas que nao se escrevem em livros,sao daquelas que se vivenciam com alegria e com dor...com sorrisos e com lágrimas...
O mestre conhece o mundo...
O mestre conhece a ciencia...
O mestre conhece ...tantas coisas ,que eu também gostaria de saber...mas...
Será que o mestre conhece o quanto me magoa quando me olha,como se eu fosse um pouco mais que nada...?
Tantas coisas que ele tem para aprender com quem limpa os vidros dos corredores de um qualquer centro de conferencias...
Mas nao posso ensiná-lo enquanto ele nao me olhar como gente...
Talvez nao queira nunca aprender...que pena...eu gostava de o poder ensinar e por instantes inverter os papeis...nao na mestria, mas na magia do olhar...
Nao limpo muitos vidros,limpo alguns,mas sobra tempo para aprender e ensinar ao mestre o amor que existe em tratar da velhice ,e das suas maleitas...porque cuidar é o meu oficio...
Sou sim um grao de areia ,neste mundo de pessoas,que se creem algo mais que outro alguém qualquer...
Mestre dos olhos magicos,desça da torre onde se trancafiou...misture-se no mundo...
O mundo está cheio de outros ensinamentos ...que nao vêm em manuais...
Mestre os graos de areia também têm sentimentos ...a elite é uma fantasia...
A elite na velhice é igual a qualquer grao de areia...
Dê-me a sua mao mestre e deixe-me dizer-lhe ...a cor bonita do meu "mundo"...cheia de panos coloridos,que limpam lembranças feias dos vidros e lhes dao transparencia,e luminosidade...
Deixe-me mostrar-lhe como é gratificante sorrir para alguém que já nao se lembra sequer do seu proprio nome ,mas que consegue ser imensamente feliz enquanto lembrar fugazmente ...que viu um sorriso...
Mestre o mundo é uma dualidade...dê-me a mão...deixe que o guie...

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espreito pelo canto dos olhos a minha alma,ávida de encontrar "coisas"sobre mim que desconheço!

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