sábado, 17 de novembro de 2012

Balouço de árvore...

Quando  levados a teste os meus limites e com o avançar dos anos, soam-me cada vez melhor as palavras "zona confortavel"!
Quando a carga emotiva e o stress se combinam sinto amiúde que é necessário "fugir de mim" ainda  que por curtos instantes...
Há a necessidade de abrandar a respiração, de "vazar" o olhar e fixar a mente numa espécie de doce limbo que em "amornando" me dá um colo sinistro e ao mesmo tempo salutar...
É um lugar que posso chamar de "só meu", a que mais ninguém acede e onde a capacidade de resistencia se reforça a golos generosos de realidade pura.
Há aqueles que necessitam de uma palavra especial e eu não fujo á regra, mas nada me consola melhor a alma que este "balouço de árvore" numa floresta de pensamentos, onde me sento  fechando os olhos, sentindo a luz de uma réstia de sol perdida por entre o meu universo e o dos outros.
Gosto deste momento egoista, é nele que energizo, que me puno, que me repenso, que me refaço, que me reforço, que reinvenvento quando me parece que o mundo desaba...
Em cada pessoa há decerto um lugar assim!
Paraíso/inferno, o que quer que seja, ou talvez só um local de encontro com o "eu" que tantas vezes se perde no meio das multidões...

sábado, 20 de outubro de 2012

Fragilidades

Fragilidades são "locais"da alma onde dói tocar.
Cada pessoa tem a sua lista negra, como que um hematoma permanente, entre o arroxeado e o verde escuro, que lembra , ou não permite que se esqueça, que se é particularmente delicado, poroso, em suma...frágil.
Gosto de imaginar que somos uma espécie de "preciosidade", entre o cristal quebrável e a água que teima em se esgotar das fontes . Não nos damos grande importancia e de facto só temos a que nos é devida, mas é um universo questionável este o do "valor", que fica talvez situado entre o muito e o pouco, sendo que poderá ainda estar entre o pequeno e o enorme...
Somos definitivamente ténues e ás vezes conseguimos a proeza de nos caber alguma pequenez de idéias que deteriora o nosso "estado de coisas"...no entanto arrasamos muros,  demolimos convenções que nos oprimem e apresentamo-nos de um tamanho gigantesco na vontade de mudar, de ser-se cada vez melhor...
Dias há em que a aragem nos verga, outros em que o vendaval nos fortifica e eu gosto desta inconstancia, gosto da nossa maleabilidade, afinal a fragilidade permite uma sensibilidade maior, uma noção mais real de tudo, da relatividade das grandes questões e da certeza das pequenas e preciosas.
Fragilidades são politicamente incorrectas mas legitimas e reais.
Gosto de conjugar  junto com o verbo "ser" a palavra frágil...humaniza-me e desmistifica os outros, melhor dizendo... relativiza nunca criando fosso mas unificando!
Somos frágeis e isso não é de todo grave mas absolutamente maravilhoso!

domingo, 12 de agosto de 2012

Quem não "vive" não entende...
e quem não tropeça...não pode saber o que significa"levantar do chão"...
Dou comigo a pensar que de uma forma quase imparcial entendo,
os sorrisos, 
cada trejeito de rosto, 
cada olhar distante, 
cada dentada em pedaço de pão,
o sabor da tristeza,
o calor de uma gargalhada em dia de chuva sem sol!
Não me formei em assunto algum, mas conheço as emoções.
Sei de cor as memórias de quem não esquece o medo...e entendo-o...
Conheço a brisa das palavras carregadas de significados mudos ...e entendo-os...
Não tenho passado pela vida com leviandade pelo ser humano que existe nos outros,
pelo seu mundo maior ou menor...e entendo-o...
Afinal ninguém é tão imensamente diferente...
Ás vezes parece-me que já vivi várias vidas, não no sentido reencarnador de almas,
mas sim no sentir dos outros que não me é estranho...
Quem vive observando o mundo pode ...entende-lo,
nas suas calçadas de pedra pisoteadas por cegos de bengala em punho que gritam desesperos,
nas soleiras das portas onde se desfiam histórias,
nos bancos de jardim onde se perdoam na velhice aqueles que deixaram de amar,
nos lares onde a solidão se exorcisa em momentos de esquecimento ataráxico...
Porque eu já fui cego e desespero...
Porque escutei os contos de quem já se alongava na história...
Porque não sendo velha, os meus olhos atraiçoam a minha idade e pesa-me nas rugas o abandono alheio...
e fecho o meu rosto para que o medo não entre...olhando o vazio...
Talvez haja quem nasça para ver, escutar e sentir o mundo desta forma dolorosa e ao mesmo tempo gratificante,
afinal entender os outros é perceber-me,
é aceitar-me...é saber que apesar de imperfeita, imperfeita e nunca perfeita,
amo a dádiva que é ...entender os outros...



sábado, 28 de julho de 2012

Não sei porque me constrangem elogios, parece que em mim só existe o hábito de palavras menos caras de valor, como se as tivessem colocado  tal e qual  um "anuncio" de dentifrico...
Rejubilo e logo me coíbo de sorrir, afinal as palavras boas são também "um lugar escuso"...
Mea culpa...posso sempre ditá-las em voz alta ao vento para que ele as carregue de retorno, que me abrace com elas ... 
Ás vezes há em mim uma saudade tenebrosa, contorcida, quase arbórea, de raízes imensas e medonhas, de palavras que me adocem o ego...
Não sei porque me constrangem emoções se afinal é delas que me alimento numa sofreguidão silenciosa...
Não sei porque gosto tanto de palavras adoçadas a mel com aroma de gengibre e pensamento "frondososamente"colorido, morno e terno...
Abomino a minha timidez amando-a no entanto...é ela que me confere a melancolia do sentir... é ela que me dá coragem...é ela que me faz contudo... sorrir!

sábado, 14 de julho de 2012

  Não sou entendida em nada...
Assemelho-me a um cerzido em tecido frágil no entanto a linha forte e robusta...
A carvão desenhado, há uma forma de gente que costura a vida em pedaços agarrados a medo...
E cada pedaço é-me precioso.
  Não sou entendida em nada,
excepto em emoções que ninguém entende...e remendo-as á minha roupa,
 ao meu tecido rasgado,
 ao meu cerzido a sangue...
Gosto das minhas lágrimas quando elas se me permitem,
lavam de mim a fuligem dos pensamentos tristes e,
sento-me na penumbra da copa das árvores  costurando folhas verdes de esperança...
  Não sou entendida em nada, 
mas agarro cada gota de chuva com amor e braços inteiros...

sábado, 7 de julho de 2012


Apetece-me sempre escrever sobre tudo e sobre quase todos sem claro, ferir ninguém porque não são essas as emoções que me movem.
Não é fácil ter um jorro contínuo de letras agrupadas em palavras que me bailam no cérebro, na alma...sem lhes dar sentido.
Não sou do género que passa impávida ao que me rodeia, ao que escuto, ao que vejo, ao que interpreto e principalmente ao que sinto nos outros.
Armazeno as minhas "imagens"não sei bem como, porque o seus "espiritos livres"me assomam como que de uma porta entreaberta e me acenam sorrindo...mesmo as "imagens" tristonhas que trazem lágrimas nos olhos... ainda assim sorriem.
Sinto um prazer enorme quando "vivifico" os meus pensamentos, num libertar de nó na garganta, numa gargalhada sonora, ou num cepticismo quase mudo, numa duvida constante sobre quase tudo... e num gostar de mim egoista que poucos entendem.
No entanto, calam-se-me muitas vezes as mãos porque falar através das palavras é também um exercicio que embora terapeutico pode ser devastador...
Alimento com doçura alguns dos meus temores como se se trassem de "tesourinhos" pois libertá-los é ficar mais sózinha.
 Acredito que quem escreve seja o que for, desde que vindo de dentro de si com emoção, sofre...como quem pinta um quadro "afeiçoado" e depois o vende...fica-se mais pobre e há nisto tudo um egoísmo terno.

Quem sou eu

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espreito pelo canto dos olhos a minha alma,ávida de encontrar "coisas"sobre mim que desconheço!

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