e quem não tropeça...não pode saber o que significa"levantar do chão"...
Dou comigo a pensar que de uma forma quase imparcial entendo,
os sorrisos,
cada trejeito de rosto,
cada olhar distante,
cada dentada em pedaço de pão,
o sabor da tristeza,
o calor de uma gargalhada em dia de chuva sem sol!
Não me formei em assunto algum, mas conheço as emoções.
Sei de cor as memórias de quem não esquece o medo...e entendo-o...
Conheço a brisa das palavras carregadas de significados mudos ...e entendo-os...
Não tenho passado pela vida com leviandade pelo ser humano que existe nos outros,
pelo seu mundo maior ou menor...e entendo-o...
Afinal ninguém é tão imensamente diferente...
Ás vezes parece-me que já vivi várias vidas, não no sentido reencarnador de almas,
mas sim no sentir dos outros que não me é estranho...
Quem vive observando o mundo pode ...entende-lo,
nas suas calçadas de pedra pisoteadas por cegos de bengala em punho que gritam desesperos,
nas soleiras das portas onde se desfiam histórias,
nos bancos de jardim onde se perdoam na velhice aqueles que deixaram de amar,
nos lares onde a solidão se exorcisa em momentos de esquecimento ataráxico...
Porque eu já fui cego e desespero...
Porque escutei os contos de quem já se alongava na história...
Porque não sendo velha, os meus olhos atraiçoam a minha idade e pesa-me nas rugas o abandono alheio...
e fecho o meu rosto para que o medo não entre...olhando o vazio...
Talvez haja quem nasça para ver, escutar e sentir o mundo desta forma dolorosa e ao mesmo tempo gratificante,
afinal entender os outros é perceber-me,
é aceitar-me...é saber que apesar de imperfeita, imperfeita e nunca perfeita,
amo a dádiva que é ...entender os outros...